V Olimpíada de Ciências na Floresta Nacional de Caxiuanã faz parte das comemorações pelo aniversário de 20 anos da Estação Científica do Museu da Amazônia
(JC) Para chegar à Floresta Nacional de Caxiuanã, saindo de Belém do Pará, são aproximadamente 16 horas navegando por rios da Amazônia. A viagem permite o desbravar de um mundo que a maioria dos paraenses sequer nem ouve falar; o que torna o conhecimento sobre a Flona ainda mais raro. Caxiuanã abriga a Estação Científica Ferreira Penna (ECFPn), base de pesquisas do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). A viagem até a Estação é longa e cansativa, mas isto passa despercebido quando se chega ao destino e se tem a certeza de estar no coração da Amazônia.
Nesse começo de outubro uma centena de meninos e meninas, que compõem as populações ribeirinhas dos municípios de Melgaço e Portel, no arquipélago do Marajó, se concentra na Estação Científica Ferreira Penna para participarem da V Olimpíada de Ciências na Floresta Nacional de Caxiuanã. Em sua maioria crianças, estes estudantes ficam durante uma semana fascinada e entusiasmada com o aprender de ensinamentos que irão levar para toda a vida e os ajudam na construção de suas identidades.
Em 2013 a Olimpíada de Ciências tem como tema "Ciência, saúde e esporte", o mesmo da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), onde o Museu Goeldi é vinculado. O evento teve inicio na última sexta-feira, 4 e segue até o próximo dia 10 transformando a vida dos participantes por meio de oficinas e práticas esportivas.
As oficinas da Olimpíada são ministradas por pesquisadores e técnicos das variadas áreas de pesquisa do Museu Goeldi, a instituição de pesquisa mais antiga da Amazônia e de outras instituições de ensino e pesquisa, como a Universidade Federal do Pará e a Universidade do Estado do Pará.
Este ano o evento reúne cerca de 130 estudantes marajoaras, que estão alojados na Estação Ferreira Penna junto com alguns de seus professores e do toda a equipe do Museu Goeldi e de voluntários que não medem esforços para a tarefa árdua, porém não menos gratificante que é despertar do interesse das comunidades locais pela ciência.
Por falar em 2013, a V Olímpiada de Ciências faz parte da programação que foi preparada para comemorar os 20 anos da Estação Científica do Museu Goeldi que através de profissionais qualificados trabalham incansavelmente em prol do melhor conhecimento e preservação da Floresta Amazônica.
Os estudantes - em sua maioria crianças e adolescentes, são naturais do município de Melgaço, e do município vizinho, Portel. Na companhia de seus professores, chegaram todos juntos, em comitiva, à base do Museu Goeldi, que durante os dias do evento oferece além do alojamento, alimentação. Em 2013, mais uma vez, a Olimpíada contou com apoio financeiro das Prefeituras de Melgaço e Portel e de empresas parceiras para arcar com os gastos das refeições.
Incentivo ao esporte, melhoria à vida - Fazendo jus à temática a Olimpíada fomenta a competição esportiva de forma saudável entre as crianças. Voluntários, oficiais do Corpo de Bombeiros do Pará e educadores físicos contribuem na aplicação de atividades que além de ensinar sobre o melhor funcionamento do corpo humano, propiciam a um hábito de vida mais saudável.
Mauro Silva é educador físico há 12 anos e pela primeira vez está em Caxiuanã como voluntário da Olimpíada de Ciências. Ao lado de João Nunes, estudante de Química da UFPA, os dois ministram a oficina "Investigando os benefícios de praticar esportes". A oficina tem como objetivo mostrar para os estudantes a importância para a saúde e o bem-estar de toda e qualquer atividade esportiva.
"A capoeira, por exemplo, exige de seu jogador disciplina. Ele tem que respeitar o companheiro e saber esperar a sua vez", diz João Nunes. Segundo ele essa 'disciplina' é fundamental não só no jogo, mas no dia-a-dia de cada um. Respeito pelo próximo é fundamental em qualquer situação e o esporte tem o poder de transmitir isso para as pessoas.
Cada esporte tem suas regras para serem cumpridas, assim como há regras impostas pela sociedade para o melhor convívio das pessoas. Mauro Silva revela que quem aprende a respeitar essas regras através do esporte, consequentemente muda sua postura em relação à vida.
Além de ministrar a oficina, Mauro Silva também auxilia nas competições que são promovidas na Olimpíada. O educador disse à reportagem que os participantes acabam sendo muito competitivos, querendo sempre a vitória. Seu trabalho surge para atenuar essa competitividade, favorecendo a integração entre os participantes de forma pacífica, vendo o adversário como outro competidor e não como inimigo. A V Olimpíada de Ciências na Floresta Nacional de Caxiuanã têm competições de casquinhagem - canoas pequenas, queimada - jogo de quadra em que dois times tentam eliminar os integrantes adversários com uma bola, futebol e salto ornamental.
Ao final da oficina "Investigando os benefícios de praticar esportes", os estudantes irão expor cartazes confeccionados por eles próprios onde apresentarão que benefícios são esses, descobertos ao longo das palestras e conversas como seus instrutores.
O esporte como integrador social - O que muito se observa analisando os meninos e meninas marajoaras é a timidez que torna o contato com o outro difícil. Falar em público então é um ato que pouquíssimos dominam.
Darielma Freitas tem 22 anos e cursa o ensino fundamental. Para ele o esporte ajuda a quebrar barreiras e permite a possibilidade de interagir, se relacionar com o outro; trocando experiências, conhecendo novidades, fazendo amizade. A jovem conta estar muito contente em conhecer a Estação do Museu Goeldi, que segundo ela é um espaço preservado, com muitas árvores de pé. Na fala de Darielma nota-se a simplicidade e quiçá a falta de informação, mas também a preocupação com a preservação do meio ambiente, que inclusive, em Portel, onde ela reside, tem sido cada vez mais devastado.
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